domingo, 22 de março de 2009

Excessos

Uma repetição do texto anterior. Um excesso aqui no blog.

Há menos casamentos e mais sexo. Há mais comida e mais fome. Há muitas opções de lazer, mas muito estresse. Há pouco dinheiro e muitos gastos.
Há excessos inexplicáveis.

quinta-feira, 12 de março de 2009

A carta

Estou aqui para escrever aquela que será minha última escrita nessa terra de ninguém. Eu também sou um ninguém, e cansei da falta de muita coisa e excesso de outras.
Não sei entender nada que se passa a minha volta. Nada! Não tenho mulher, mas tenho excesso de sexo. Não tenho comida, mas tenho excesso de lixo. Não tenho amigos, mas tenho que dar atenção para um número exagerado de pessoas.
Sou teleoperador.
Sou alto e tenho algumas espinhas, frutos de meu trabalho. O motivo do meu suicídio são essas malditas inflamações em minha cara que não saram! Você, que está lendo, provavelmente vá dizer que isso não é motivo pra um suicídio. É sim! As espinhas são apenas a gota d’água. Quando uma desaparece, outra se aventura a surgir em meu rosto. Ninguém dá muita credibilidade a alguém cheio de espinhas como eu. Nem um beijo de bom-dia de minhas colegas de trabalho consigo ganhar.
Também não sou muito bonito. Mas a beleza é relativa, não? Ou pelo menos é nisso que fazem a gente acreditar. É a única salvação psicológica para um mundo repleto de pessoas feias como eu. Mas espinhas, não! Espinhas não é o mundo inteiro que tem! É um grupo seleto e excluído em que eu estou incluído.
Uma vez, andava eu serelepe para um almoço. Tinha um sorriso gigantesco no rosto. Era o dia de pagamento. Tenho alguns dentes tortos na frente, mas isso não é problema. Acho eu... Pois bem. Servia-me de batata frita e um frango engordurado nojento e duro, quando ela apareceu. Uma mulher, e ao meu lado. Ela se servia de maionese e umas alfaces pretas. Olhei para seu rosto, ela tinha espinhas assim como as minhas! Comecei a ficar excitado. Imaginava nós dois tomando uma cerveja, rindo, fazendo sexo, tendo filhos... E as espinhas desaparecendo! Por que elas desapareciam? Olhei para ela, e um futuro lindo parecia me aguardar.
Eu disse, então, que comer maionese na rua era perigoso. Ela ergueu os olhos para mim. E, claro, sua visão percorreu minhas espinhas antes de encarar os meus olhos. Deu um sorrisinho no canto da boca. Ela falou que maionese dava espinhas. Eu ri. E ri de verdade! Mas escorreu um catarro pelo meu nariz durante minha risada. Fazia muito tempo que eu não ria, e já não sabia controlar meu próprio rosto. Ela, enojada, saiu de perto de mim.
Eu sou uma desgraça! Cansei... Por isso vou me matar. Não sou covarde, sou corajoso em excesso.
Mandem um beijo para minha mãe, Silviana das Graças Rosa, lá do Piauí.
E só tenho um último pedido a fazer: Descubram a porra da cura pra espinha!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Muralha

Estou em cima de um muro entre a corrupção e a dignidade.
Não entendo. Para ter uma vida digna é necessário corromper-se?

Leia-se corrupção como o próprio Aurélio o define:
1. Ato ou efeito de corromper (-se); decomposição
2. Devassidão, depravação


A corrupção é corrosiva, faz as pessoas corrupiarem. O mundo da corrupção é uma brincadeira de corrupio, sim. E sempre no mesmo lugar.